"Os crimes que marcaram o país": a construção da narrativa do programa Linha Direta-Justiça sobre a atuação e a função social da mídia jornalística
Narrativa jornalística, Linha Direta-Justiça, Memória
Os meios de comunicação são parte substancial do cotidiano contemporâneo. Nossas experiências históricas coletivas e individuais são balizadas hodiernamente por uma multiplicidade de suportes midiáticos, sendo ao mesmo tempo que veiculam os acontecimentos também constroem o parâmetro narrativo de sua compreensão. Nesse sentido, é comum guiarmos nossas referências temporais a partir da forma como os meios de comunicação estabelecem relações com o passado, presente, e até mesmo o futuro.Esta pesquisa tem por finalidade descortinar essa prática por meio da análise da construção narrativa do programa Linha Direta-Justiça, levado ao ar pela TV Globo de 2003 à 2007 como uma das vertentes do programa “policialesco” Linha Direta. Para tanto, assumimos como suporte metodológico as orientações advindas do conceito de “operação midiográfica”, que busca equacionar como a narrativa jornalística lida com a dimensão e fatos do passado (SILVA, 2011). A problemática do trabalho constituiu-se na esteira do processo conhecido na contemporaneidade como “paradigma da imagem”, aspecto que implica na imperatividade do suporte televisivo para a mediação não só da realidade experienciada, mas também para a formulação de memórias e, em efeito, de identidades. O estudo pretende demonstrar a forma como o Linha Direta-Justiça buscava formular representações do passado a partir de dois eixos: o primeiro em relação à construção de uma imagem/memória do Brasil caracterizado como violento, injusto e de impunidade, acompanhando a exibição de cada episódio que compõe nosso corpus documental por meio de “crimes que marcaram o país”; e o segundo eixo, em contraposição ao primeiro, visou construir uma determinada“tradição histórica positiva” da atividade jornalística ao longo da história do Brasil, que denominamos de função social da mídia)