Adaptação transcultural da Short Dark Tetrad (SD4) para o contexto brasileiro
Tétrade sombria, Patologia da personalidade , Adaptação transcultural, Estudos de validação
O estudo da personalidade é fundamental para compreender as particularidades individuais e antecipar reações e decisões em diversas situações. Dentro desse campo, emergem traços de personalidade considerados socialmente indesejáveis, os quais frequentemente estão associados a comportamentos disfuncionais e potencialmente prejudiciais. Nesse contexto, destaca-se o modelo Dark Tetrad (Tétrade Sombria - TeS) da personalidade que inclui quatro traços de personalidade subclínicos, nomeadamente narcisismo, maquiavelismo, psicopatia e sadismo. Paulhus et al. (2020) desenvolveram uma escala breve e abrangente do modelo Dark Tetrad, denominada Short Dark Tetrad (SD4). A SD4 inclui 28 itens, com sete itens para cada um dos quatro factores, e demonstrou distinguir suficientemente os quatro constructos, preservando as suas principais características em populações de diferentes países. A SD4 foi adaptada para diferentes contextos culturais, mas nenhum estudo explorou suas propriedades psicométricas em amostras do contexto brasileiro. Este estudo teve como objetivo adaptar a SD4 para uso no Brasil, examinar o modelo de quatro fatores, explorar vieses relacionados ao sexo e à idade e avaliar a distinção de cada fator após a contabilização de um fator geral. O estudo incluiu 755 adultos da comunidade de diferentes estados brasileiros, com idades entre 18 e 75 anos. Embora o ajuste do modelo não tenha sido ótimo, os itens foram consistentemente carregados nos fatores esperados, mesmo após a consideração do sexo e da idade. No entanto, uma análise do modelo bifactorial revelou que, após a remoção da variância explicada pelo fator geral, a variância única dos itens não formou quatro factores independentes. Esta questão foi particularmente evidente para as escalas Astuto e Mau, sugerindo um conteúdo mais amplo do fator sombrio em vez de traços específicos de maquiavelismo e narcisismo, respetivamente. Apesar destes resultados, a escala adaptada demonstrou propriedades psicométricas semelhantes às versões utilizadas em outros contextos.