O Desenvolvimento das Ideias de C.G. Jung sobre a Esquizofrenia: uma incursão pela Obra Completa
psicologia analítica; esquizofrenia; psicose; epistemologia.
O presente trabalho analisa o desenvolvimento das ideias acerca da esquizofrenia na Obra Completa de C. G. Jung. Levando em conta que as psicoses foram um elemento essencial na construção da psicologia de Jung, seu estudo contribui para a investigação e aprofundamento de seu pensamento. A metodologia que utilizamos foi a da epistemologia genética histórico-crítica de Piaget, que busca analisar ideias dentro de um determinado sistema de pensamento levando em conta os princípios internos que este adota, mas também seu intercâmbio histórico com os saberes que contribuem em sua formação. A partir disso, a pesquisa é feita acerca da formação e gênese das ideias no decorrer do tempo. O trabalho foi dividido em quatro grandes eixos temáticos que analisam, cada um, um recorte das análises de Jung sobre as psicoses: 1) o uso de Jung dos construtos de demência precoce de Kraepelin e esquizofrenia de Bleuler; 2) as ideias do autor sobre a etiologia da esquizofrenia a partir de suas discussões sobre a psicogênese e a organogênese das doenças mentais; 3) a relação do conceito junguiano de complexo com a fenomenologia da esquizofrenia; 4) a relação do conceito de inconsciente coletivo com o fenômeno da esquizofrenia. Dessa maneira, podemos concluir que a psicologia de Jung tem um comprometimento enorme com a discussão sobre as psicoses que compreende a totalidade da produção escrita do autor, com o tema sendo renovado e amadurecido ao longo da obra. Jung se posiciona de forma crítica frente aos saberes psiquiátricos, propondo uma psicologia que se debruça sobre os aspectos psíquicos das psicoses. O autor leva em conta uma dimensão de sentido pessoal e coletiva ao material da esquizofrenia, devolvendo a humanidade ao doente mental. Aqui, a ideia de sentido e compreensão atuam como fortes aliados na investigação e tratamento desses casos.