Banca de DEFESA: FERNANDA DE CASSIA OSCAR OTACIANO

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : FERNANDA DE CASSIA OSCAR OTACIANO
DATA : 31/03/2023
HORA: 09:00
LOCAL: Remota
TÍTULO:

PROCESSOS DE (DES)MEDICALIZAÇÃO DE UM ALUNO NEGRO DE ESCOLA PÚBLICA: DIÁLOGOS NA INTERFACE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO


PALAVRAS-CHAVES:

Medicalização; Raça e Racismo; Psicologia e Educação; Interseccionalidade


PÁGINAS: 121
RESUMO:

Este trabalho, de abordagem qualitativa, objetiva analisar como os processos de medicalização e desmedicalização da educação se manifestam quando se evidenciam no ambiente escolar em inter-relação ao marcador racial. Para isso, foi realizado um estudo de caso único, analisando a história de um adolescente negro (Saudade), estudante de uma escola pública por meio das articulações entre os marcadores racial e de classe, com algumas aproximações com as discussões de gênero, que se entrecruzam e produzem as especificidades da trajetória desse estudante. Utilizamos, portanto, a interseccionalidade como recurso metodológico e epistemológico, configurando-se como um modo de olhar os marcadores sociais da diferença. Tendo ela como pano de fundo, recorremos a encontros individuais com o adolescente, observações participantes de seu cotidiano escolar, entrevistas semiestruturadas com profissionais da educação e saúde e oficinas pontuais de intervenção em sua sala de aula. Por meio da interseccionalidade e da condição de fronteira, foi possível construir cinco categorias analíticas que apresentaram os pontos e contrapontos da medicalização da educação considerando o processo de escolarização desse aluno, sendo elas: as quatro datas de nascimento do adolescente e sua ruptura com o silêncio ao anunciar seu desejo de cantar; o dia em que ele levou um canivete para escola e o afeto que possui por seus familiares, colegas e namoradas; o lugar da medicina e as facetas da construção de um laudo médico/psicológico na história do adolescente; a psicologia como fator de (des)humanização no ambiente escolar; e o papel da escola como espaço de (des)medicalização. Em dimensão ampliada, destacamos: transformação da população negra, em seus múltiplos marcadores sociais, em sujeitos não-humanos; a contradição de informações sobre a história de pessoas negras, que reforçam a possibilidade de inverdades se tornarem bússola que direcionam o curso de suas vidas; o não reconhecimento de pessoas negras como indivíduos pensantes, sobretudo em seu ambiente escolar; a necessidade da construção de ferramentas que perpetuem o silêncio individual e coletivo, protagonizadas pela medicina, seja em categorias nosológicas, seja na prescrição de medicamentos que individualizam as queixas escolares. Tal perspectiva é singularizada na história do adolescente, ao passo que, antes de ser encaminhado a um médico, é pensado, pela dimensão da anormalidade e da periculosidade, que o atravessa; os adjetivos que o classificam emergem de uma base medicalizante, o que estrutura a forma como a escola pensa seu processo de escolarização; há um lapso de informações educacionais sobre a real dimensão da apropriação que Saudade realiza das áreas de conhecimento trabalhadas na escola; há um desconhecimento das habilidades e interesses do adolescente, o que faz com que a escola (enquanto instituição) venha perdendo sua função social na vida desse adolescente. Ao mesmo tempo, existem lampejos de práticas desmedicalizantes, quando a rede intra e extra escolar dialogam sobre ele; quando o próprio adolescente se expressa por meio da música; quando educadoras e profissionais vinculadas ao contexto escolar buscam ouvi-lo; e quando a psicologia cria estratégias para a circulação da fala.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2325552 - CELSO FRANCISCO TONDIN
Interno - 2328627 - NEYFSOM CARLOS FERNANDES MATIAS
Externa à Instituição - LARISSA AMORIM BORGES
Externa à Instituição - LYGIA DE SOUSA VIÉGAS - UFBA
Notícia cadastrada em: 15/03/2023 13:23
SIGAA | NTInf - Núcleo de Tecnologia da Informação - | Copyright © 2006-2024 - UFSJ - sigaa06.ufsj.edu.br.sigaa06