Possíveis Amplificações da Autolesão a partir da Perspectiva da Psicologia Analítica
psicologia analítica; Carl Gustav Jung; autolesão não suicida; cutting;
mortificação; autoflagelo; automutilação.
Diversos trabalhos descrevem o comportamento autolesivo e buscam encontrar possíveis
causas e saídas para o dito transtorno. Consideramos que a abordagem da psicologia
analítica pode favorecer um olhar que contextualize esse ato violento a partir de outras
manifestações humanas semelhantes, trazendo-o para o continuum histórico de produção
de sentido. Partindo da amplificação e depois de uma metodologia com mais etapas,
correspondentes a proposta de Jung (“deixar acontecer”, “engravidamento”, confronto e
amplificação), pudemos processar as imagens de autolesão como objeto de
“engravidamento” da pesquisadora/clínica em sua prática, promovendo assim uma
possibilidade de síntese compreensiva da autolesão. Este processamento foi realizado a
partir da elaboração de dois artigos que funcionam como corpo da dissertação. No
primeiro, foi realizada uma amplificação da imagem da autolesão não suicida em paralelo
com o rito de passagem. No segundo, foram realizados paralelos com o conceito de energia
psíquica proposto por Jung e do processo alquímico da mortificatio, cotejando os
conteúdos expostos com falas de participantes de pesquisas empíricas acerca do tema.
Com ambos os artigos concluímos que o rito de passagem, bem como outras expressões
simbólicas da morte expressam a necessidade de destruição e renascimento psíquicos que
podem ser literalizados em casos de dificuldade de simbolização e progressão da libido.
Dessa maneira, esse processo é acirrado de maneira pendular entre complexos de paraíso
idílico perdido e heroísmo disruptivo, e inflação egóica positiva e negativa, até que a
energia psíquica regrida reanimando conteúdos que podemos chamar de mortificatio,
tentativa de cura por vias de atuação direta, precisando ser integrada.