INFECÇÕES POR BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES EM PACIENTES COM COVID-19 INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

COVID-19; Unidades de Terapia Intensiva; Farmacorresistência Bacteriana Múltipla

Introdução: Atualmente, é comum que a covid-19 apresente-se com manifestações assintomáticas ou sintomáticas leves a moderadas. Entretanto, no ápice da pandemia, observou-se o predomínio de casos graves, com elevada demanda de hospitalização e cuidado especializado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O ambiente hospitalar, especialmente a UTI, constitui um cenário propício para o surgimento de infecções por bactérias multidroga-resistentes (MDR), em função da suscetibilidade inerente às condições clínicas desenvolvidas e da necessidade de intervenções invasivas para suporte e tratamento dos pacientes em cuidados intensivos. Objetivo: Avaliar a frequência de infecções por bactérias MDR e seus fatores associados em pacientes com diagnóstico de covid-19 internados na UTI. Métodos: Estudo transversal desenvolvido com dados secundários de pacientes com covid-19 atendidos em um hospital privado do município de Divinópolis-MG, no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2022. A coleta de dados baseou-se na revisão de prontuários eletrônicos, exames laboratoriais e demais registros clínicos disponíveis no Serviço de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (SCIRAS) do hospital participante. Os dados obtidos foram analisados no

software EPI INFO®. A variável resposta em análise foi o diagnóstico de infecção por bactérias MDR, sendo consideradas como variáveis explicativas as características sociodemográficas e clínicas dos pacientes. A associação em relação às variáveis explicativas categóricas foi estimada por meio do Teste Qui-quadrado e cálculo do Odds Ratio (OR). As análises multivariadas foram executadas a partir dos modelos de regressão logística, a fim de identificar a associação em relação às variáveis contínuas. O nível de significância de 0,05

foi considerado para todas as análises. Resultados: Entre os 199 pacientes em estudo, 61,3% apresentaram idade inferior a 60 anos, sendo observado predomínio do sexo masculino (51,8%). A presença de comorbidades foi identificada em 85,0% dos pacientes. O tempo médio de internação hospitalar e permanência na UTI foi de 17,2 e 10,8 dias, respectivamente. No que se refere às análises acerca das infecções bacterianas entre os pacientes com covid-19 internados na UTI, verificou-se que 64,3% apresentaram culturas com resultados 4

positivos para bactérias MDR. As infecções por bactérias MDR foram significativamente associadas aos procedimentos invasivos envolvendo acesso venoso central (OR = 32; IC 95% = 4,3-238,12), cateter intra-arterial (OR = 27; IC 95% = 3,62-201,14), cateter vesical de demora (OR = 37,9; IC 95% = 5,1- 282,23), traqueostomia (OR = 5,65; IC 95% = 2,24-14,27) e tubo orotraqueal (OR = 42; IC 95% = 5,64-312,2). Em adição, observou-se associações significativas em relação ao tempo de internação hospitalar (OR = 3,75; IC 95% = 1,80-7,55) e tempo de permanência na UTI (OR = 9,37; IC 95% = 3,7-23,3). Destaca-se que

51,5% dos pacientes evoluíram ao óbito. Conclusões: Os resultados do presente estudo demonstram elevada frequência de infecções por bactérias MDR entre os pacientes com covid-19 internados na UTI, com associações

significativas em relação ao uso de dispositivos invasivos, bem como o tempo de internação hospitalar e tempo de permanência na UTI. Logo, nota-se a importância de otimização das ações de controle e prevenção das infecções no contexto hospitalar, além da implementação de estratégias para redução do tempo de internação e promoção da alta hospitalar oportuna, a fim de reduzir a mortalidade e demais desfechos adversos em saúde entre os pacientes admitidos na UTI.