Plantas de cobertura e feijoeiro em sucessão: supressão de plantas daninhas, produtividade e efeitos alelopáticos
Culturas de cobertura, Phaseolus vulgaris L., alelopatia
A sustentabilidade na agricultura moderna exige práticas que melhorem a qualidade do solo, aumentando seu potencial produtivo com menor dependência de insumos externos. Produzir mais sem ampliar áreas agrícolas é fundamental, reduzindo o desmatamento e contribuindo para a conservação do solo. Nesse contexto, o uso de plantas de cobertura (PCs) destaca-se como estratégia eficaz para o manejo do solo e de plantas daninhas, garantindo altos níveis de produtividade. Essas espécies promovem cobertura física do solo, reduzindo erosão, perda de água por evaporação e variação térmica. O sistema radicular das PCs atua na descompactação de camadas adensadas, favorecendo a aeração, infiltração de água e desenvolvimento radicular das culturas subsequentes. Também influenciam fatores químicos e biológicos, como ciclagem de nutrientes, fixação de nitrogênio e manutenção da microbiota. Além de melhorar a saúde do solo, competem com as plantas daninhas, auxiliando em seu controle. Cada espécie possui fisiologia e efeitos distintos sobre o ambiente edáfico, tornando essencial o conhecimento de seu comportamento agronômico para o uso adequado em sistemas de produção. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial das PCs no campo para supressão de plantas daninhas e incremento da produtividade, e o efeito alelopático dos extratos sólidos na cultura do feijão (Phaseolus vulgaris L.). O estudo foi conduzido em duas etapas. O primeiro experimento, em blocos casualizados, incluiu cinco tratamentos: milheto (Pennisetum glaucum), braquiária (Urochloa brizantha), aveia-preta (Avena strigosa), um mix de PCs e pousio. As PCs foram mantidas por 100 dias e dessecadas, sendo então avaliada a densidade de plantas daninhas e, posteriormente, os componentes de produtividade do feijão em plantio direto na palhada. O segundo experimento avaliou o potencial alelopático das PCs na germinação e desenvolvimento inicial do feijão em vasos com solo tratado com extratos das PCs. O número de vagens por planta, grãos por vagem e massa de 100 grãos não diferiram estatisticamente entre os tratamentos, mas a produtividade final foi maior quando o feijão sucedeu o milheto. As PCs, especialmente milheto e braquiária, reduziram significativamente a infestação de plantas daninhas, associada ao maior acúmulo de palhada. Nos vasos, os extratos de milheto e braquiária promoveram maior desenvolvimento da parte aérea e das raízes, além de melhor estande final. Esses resultados indicam possível efeito alelopático e melhor conservação de umidade e nutrientes. Em conjunto, os dois estudos demonstram que, embora o uso de PCs não tenha alterado diretamente os componentes de produtividade do feijão a campo, destacou-se como prática eficiente no controle de plantas daninhas e promotora de germinação e produtividade.