Seguindo o fio vermelho do crime: a (re)construção do formidável rival professor em Moriarty: o patriota
intermidialidade; adaptação; mangá; anime; Moriarty.
Considerado o detective ficcional mais famoso da literatura, as histórias de Sherlock Holmes, escritas por Sir Arthur Conan Doyle, deixaram sua marca no imaginário coletivo, como pode ser observado nas inúmeras adaptações que foram e ainda são produzidas e lançadas na atualidade. Uma dessas adaptações é o mangá Moriarty: o Patriota, publicado no Japão de 2016 a 2023, escrito por Takeuchi Ryosuke e ilustrado por Miyoshi Hikaru, postumamente adaptado para anime entre outubro de 2020 e junho de 2021. Esta dissertação tem como objetivo analisar como Moriarty: o Patriota reinventa o personagem professor Moriarty e transforma sua importância nas histórias de Holmes. Esta pesquisa respalda-se em três pilares teóricos: a intermidialidade, baseada no modelo para análise de mídias proposto por Elleström (2021); a adaptação, segundo as ideias de Hutcheon (2013), Bortolotti e Hutcheon (2020) e Newell (2017); e a caracterização, utilizando-se das noções de Forster (1927) e Margolin (1983) aliadas a Elleström (2021), além das noções de análise de imagens em relação ao ângulo, distância (Kress; van Leeuwen, 2021) e posicionamento (Bang, 2000). Por meio de comparações entre Moriarty nas histórias originais de Sherlock Holmes e na adaptação, podemos afirmar primeiramente que a nova versão do professor pode ser entendida como um personagem redondo e que sua nova aparência reflete sua personalidade. Ao contrapor os enredos das obras estudadas, nota-se que o anime e mangá Moriarty: o Patriota pode ser considerado uma adaptação segundo o escopo teórico definido como base. Além disso, entendemos que existe um diálogo cultural em três instâncias: a) no uso das cores vermelho e azul para Moriarty e Sherlock Holmes nessa adaptação, que reflete não só a oposição entre os dois, mas também valores das culturas ocidentais e orientais; b) na representação dos valores vitorianos em Moriarty, que também entendemos que é simbolizado pela cor vermelha; c) no modo como a mudança na história resultante do processo de adaptação busca manter a temática de “ricos contra pobres” consistente e também adequa o enredo do cânone sherlockiano a uma nova mídia e um novo público. Todas essas transformações substanciam o professor Moriarty como o maior oponente de Sherlock Holmes.